Nome: Joaquim Augusto dos Santos (Mocinho)
Ano nascimento: 1933
Local do registo: Couço
Data do registo vídeo: 24-02-2022

Transcrição

"A freguesia do Couço é uma freguesia que pertence ao concelho de Coruche. É uma freguesia que está entre as nove maiores freguesias do país - em território, claro, não é em população. Apanharam aqui a II Guerra Mundial e esta geração que eu vou falar, que é a geração que veio para a luta e que teve uma influência muito grande neste processo que desenvolveu aqui, foi nascida mais ou menos nessas alturas ou mais crescidinhos, mas pouco.

Eu, por exemplo, estive muitas vezes nas filas nos estabelecimentos para apanhar um bocadinho de pão, para apanhar um queijo, para apanhar uma coisa qualquer e era muito difícil. A miséria foi aqui muito grande. Esta gente com cinco, seis, sete anos passaram muito mal com a guerra.

Estive na escola primária, o primeiro ano e o segundo. Quando entrei no terceiro o meu pai teve um acidente e partiu um braço. Éramos quatro filhos, todos pequenos. Eu era o maiorzinho. Tive que deixar a escola e vir acompanhar o meu pai, porque ele foi guardar uma pilha de cortiça para ganhar algum dinheiro para a família. Isso também me marcou. Marcou-me a mim, como marcou outros trabalhadores que tiveram outros problemas iguais aos meus ou alguns ainda pior.

Esta geração, quando chegou a essa altura, foi a geração que se movimentou. Começou a perceber, começaram-se a organizar - que deu depois andamento à luta.

O pessoal quando estava a trabalhar nos ranchos, nas propriedades, que eram 100 pessoas ou uma coisa assim, os de Santa Justa punham-se à sombra de um sobreiro e os do Couço noutro. Quer dizer, havia estes problemas assim entre as populações. O que é que acontece? Quem tivesse qualquer influência em Santa Justa, que foi o meu caso, tinha uma influência em Santa Justa, de pessoas, amigos, de rapazes - ia para lá. Depois veio mais um ou dois. Criamos aquele grupo para não haver problemas com eles e eles connosco, aquela amizade. Depois fizemos cá, fizemos a unidade da população. Porque isto era uma coisa que eles imprimiam nas pessoas para depois dividi-los, para depois fazerem o que lhes apetecia, para baixar salários e essas coisas todas. Foi um dos passos que a gente deu: unir as pessoas, acabar com as divisões.

Uma das ações também que surgiu para unir e para criar situações de favorecer a unidade entre as pessoas foi as pescarias. As pescarias eram feitas aqui. Eu participava na recolha do peixe com o tio Casanova, que era o pai do Zé Casanova e outras pessoas participavam. Como havia muito peixe, o rio corria muito, tinha muito peixe, arranjámos uns quilos largos de peixe e no dia seguinte, que era ao domingo, era a pescaria junto à ponte caleira, ponte do canal. Essas coisas iam-se fazendo.

Permitiu trazer gente de Lisboa que vinham cá também, convidávamos para vir cá. Vinham pessoas democratas, também. E aqui trocávamos opiniões sobre várias coisas: sobre a situação do país, sobre a situação dos trabalhadores. Nessa [troca] teve um grande peso, as pescarias. E eles sabiam, também lá ia a PIDE. Por cima da ponte chegámos a ver gajos, que eram eles de certeza, e vários tipos para tentar cortar isso. As pescarias fizeram-se uma quantidade de anos seguidos, foram ainda bastantes. Isto teve influência. As fotografias que estão ali mostram o que eram as pescarias e o que era aquilo tudo. Estava bastante gente.

Depois começámos a comemorar aqui o 1º de maio. Aqui a 200 metros ou 300 daqui de onde estamos. Isso também foi importante, porque as pessoas levavam os seus lanchezinhos, levavam as suas coisas, contactávamos uns com os outros e fomos criando a situação para organizar a força política que era combativa, que era o PCP.

É nessas ações todas que começamos a fazer, nas reuniões. Isto permitia-nos mais unidade na praça de jornas. Estes diálogos, estas conversas, estes agrupamentos, e fazíamos maior pressão sobre os latifundiários, porque eram eles que queriam pagar o mínimo possível. Mas a pressão era muito grande e eles lá cediam numa coisinha ou outra, porque tinham necessidade de colher as colheitas. Hoje [são] as máquinas que fazem tudo, naquela altura eram os trabalhadores. Permitia aos trabalhadores fazer pressão sobre eles de várias maneiras.

Nós também, nas praças de jornas, começámos a aperceber-nos que geralmente a praça de jornas era no domingo e estendia-se até à segunda-feira ao meio-dia ou coisa assim. Às vezes iam [por]todo o dia, por isso é que eles depois cortaram com a GNR, vieram aí e proibiram à segunda-feira, fechava a praça de jorna e toda a gente tinha de ir pelos preços que eles queriam. Mas nós também apercebemo-nos de uma coisa muito importante: é que os lavradores saíam das suas casinhas ao sábado à noite, (...) e iam todos juntar-se numa sociedade que eles tinham. E nessa sociedade eles decidiam todos qual era o preço que deviam fazer, o vencimento que deviam de dar aos trabalhadores. Nós apercebemo-nos que eles fazem reuniões, então nós também vamos fazer. E convocámos uma reunião. Organizámos uma quantidade de trabalhadores que a gente tinha mais confiança, e marcámos um lugar chamado a Serra da Burra, que é um cabeço que fica aqui num ponto mais alto, a um quilómetro e tal, dois quilómetros do Couço. Fizemos esse plenário lá. As coisas foram feitas assim, na clandestinidade, não podíamos fazer de outra maneira. Arranjámos uns X de trabalhadores que se prontificaram e cada um levava um máximo de 10 pessoas, lá para a noite. E marcámos o plenário. No final deu 102 ou 103 pessoas que estiveram nesse debate além no campo, na Serra da Burra. Estiveram lá em debate para resolver os problemas e combater aquilo que eles estavam a fazer.

A gente nessa altura organizamos bem as coisas, tivemos um rapaz que ficou todo o dia - que vendia produtos de gelados, coisas assim - próximo do posto da Guarda e conseguiu vigiar o posto da Guarda. E também ficou a mãe do Zé Casanova, do camarada Zé Casanova, também ficou de vigilância. Nós quando viemos do emprego, do trabalho daquele dia - era uma segunda-feira ou não sei quê - quando viemos do trabalho, sabíamos de antemão que estava tudo seguro, que não havia nenhum problema. Mesmo assim o grupo coletivo desta organização pediu-me a mim para com um foguete - estávamos aqui num sítio ponto certo - se houvesse qualquer coisa, qualquer alteração no posto da Guarda, iam lá ter comigo informarem-me, e eu lançava o foguete que era para o pessoal sair. Mas não foi preciso, correu tudo bem, não foi preciso.

O que é que acontece? É que depois entrámos das praças de jorna com outra força. Havia muita gente organizada que se bateu nessa reunião. Chegavam lá, eles queriam oferecer só 22, a gente pedia 30. Conseguimos, mais adiante, não foi logo de início. Conseguimos da seguinte forma - eu estou envolvido nisso outra vez. O meu sogro, que eu nessa altura namorava a minha mulher, (...) era capataz de um pequeno proprietário que havia aqui, que era o João Bento. Então ele fazia searas em vários sítios, tinha ali um lagar de azeite. Tinha feito uma seara com uma cevada, que é utilizada nas cervejas. Ele queria tirar toda aquela cevada lá de dentro da terra, porque queria plantar arroz a seguir. E então, ele estava aflito com estas coisas todas e ocorreu-me utilizar o meu sogro para irmos conversar com ele. Então o que é que combinámos, um grupo deles. Estávamos ali, tudo malta que estava organizada. Fomos falar com o meu sogro, para ele ir falar lá com o João Bento e dizer que nós arranjamos um grupo de trabalhadores que nos comprometíamos a ceifar a seara toda esta semana e tirá-la toda de lá para fora para os carros. Trabalhámos muito, foi uma coisa fora de série. Quando a gente pedimos ao João Bento, o João Bento disse assim: «Não pode ser, que eles caem-me todos em cima». (...) e a gente disse: «Não. O senhor diz que tem a seara, que a gente se comprometeu a tirar a cevada de lá e que tem de começar a plantar o arroz. Vai-lhe dizer isso». Depois ele não quis, vieram-me dizer que ele não queria. Fui lá, mais um cunhado meu, que é filho do capataz, e mais dois ou três e fomos lá falar com o João Bento e dissemos-lhe assim: «Você só tem a ganhar com isto, isto para você é um bom negócio». «Mas eles caem-me todos em cima», que era os outros lavradores. Disse-lhe assim (…): «Olhe, o que o senhor tem de fazer é dizer-lhe a eles…», eu já tinha trabalhado para o João Bento, já o conhecia bem, «…é dizer-lhes a eles logo imediatamente que a seara sai de lá, ele ganha muito com isso, porque depois planto logo o arroz». Isto foi assim, aceitou o nosso preço. Esta foi uma das primeiras vitórias e que a malta viu, o pessoal todo, viu que era possível fazer alguma coisa.

A seguir a isto aproximam-se as eleições do Humberto Delgado. A gente fez aqui um comício dentro de uma sala, que tinha de ser dentro de uma garagem, e decidiu-se lá várias coisas sobre as eleições e que devíamos concorrer e devíamos lutar. Essas coisas começámos a espalhar pelo povo que havia eleições e tínhamos todos que ir votar - pelo menos aqueles que tinham comércio, que tinham uma fazendazinha. (...) Durante todo o dia das eleições ficámos cá fora 200, 300 pessoas junto à secção de voto. Portanto elas foram livres. Foram as únicas que fizeram no país durante esse tempo.

As eleições processaram-me, as coisas arrumaram-se, mas veio uma outra ordem da área de Lisboa - a gente dizia que era de Santarém. Então que era necessário fazer uma greve e protestar de todas as formas contra a burla eleitoral que tinha sido feita em todo o país. Então com essa ordem, foi logo nesse dia [a seguir] à noite das eleições que apareceu essa - não era ordem, era informação do que devíamos fazer. Estava eu. Estavam mais quatro rapazes - já morreram todos, só eu estou vivo. Como é que a gente tinha de fazer para fazer greve geral? Tendo em atenção que estavam em construção aqui duas grandes barragens, que nos canais por onde passa água estavam aqui máquinas por todo o lado - havia aqui uma multidão de gente a trabalhar, parece que quase 2000 pessoas que andavam para aí a trabalhar. Portanto era ir para uma greve e tínhamos de parar esta gente toda. Como é que íamos parar os ranchos? Esta coisa que a gente discutiu, um grupo deles, foi discutido mesmo no sítio onde está agora o monumento aos presos políticos e à resistência.

Bem a gente vai fazer assim. Cada um de nós vamos aqui para um sítio. Um vai para baixo, outro vai para cima, outro vai para os lados, outro vai para Santa Justa. E vamos dizer o seguinte a todas as pessoas que a gente encontra na rua [diálogo]: «Epá, então ainda não ouviste dizer nada?». «Não». «Tão pá, amanhã é greve geral, ninguém trabalha». «Não sabia». Depois íamos [andando] e encontrávamos outro. Depois eu dizia assim e os outros diziam assim também: «Ali em baixo não se diz outra coisa. Ali em tal parte não se diz outra coisa. Então não ouviste dizer nada?». Foi assim que a gente [fez]. Não podia ser doutra forma, na clandestinidade, organizar de outra maneira.

Bem, as pessoas começaram a transmitir uns aos outros, porque a palavra de ordem era: «Transmite a toda a gente, vão passar!». E as pessoas como estavam fartas deste regime passaram a notícia, a informação, por todos os lados. Isto foi rapidamente. Corremos estes sítios todos.

Fizemos a greve, foi uma greve que deixou a tremer o fascismo. Eles puseram aqui 300 e tal GNRs nesse dia da greve, logo. Começaram a prender pessoas, prenderam uma série deles. Isto começou-se a complicar um bocado com as prisões. Depois existe aqui uma certa acalmia, um mês ou dois.

A luta tinha de continuar, porque de facto as praças de jorna era a mesma coisa. Os lavradores continuavam a reunir-se e a polícia estava atenta, em ligação com eles. Nas praças de jorna, aqui nas ruas, começava a haver porrada com as metralhadoras. Eles vinham para aqui e bateram e aleijaram alguns trabalhadores. A luta era assim. A gente eramos pacíficos, mas eles eram agressivos, agressores.

Nesta manifestação eu fui preso logo ao fim de poucos dias. Porquê? Porque parece que foi um proprietário que me conhecia que disse que eu ia lá na manifestação e eles foram lá buscar-me.

Foram lá buscar-me e levaram-me para Caxias. Em Caxias estive lá 6 meses. Ao fim de 6 meses libertaram-me. Não arranjaram processo, libertaram-me. Eu vim, mas continuei a luta política logo imediatamente cá fora. A participar nessas manifestações, a participar nessas coisas todas.

Naquela altura era logo diretamente para Caxias. Porque eram greves, era outra coisa, eram populares - era por isso que eles levavam para lá.

Mais adiante, depois vim para aqui, continuei a lutar. Um dia mais adiante, já em novembro de [19]58 / 59, assaltaram-me a casa, mas eu não estava em casa, porque estava a trabalhar ao pé de Santarém. E, portanto, informaram-me que eles me tinham assaltado a casa. Eu tive que sair lá do emprego, vim para aqui e pirei-me daqui para fora. E passei à clandestinidade. Eu estive na clandestinidade mais três anos e tal, até ser preso outra vez.

Na clandestinidade quando cheguei ao sítio da residência onde fui residir com a orientação do Partido Comunista, fui residir numa zona e tinha a função de estar ali. Mas depois foi-me pedido se eu me importava de ficar a controlar todo o Alto Alentejo. Controlar era isto: trazer informação, levar informação, o que é que se passava. As notícias que a gente tinha, transmitir-lhas para manter a luta. Inclusivamente vinha ao Couço. Na clandestinidade vim ao Couço. E toda a área que eu percorria para levar a informação do partido era todo o Alto Alentejo. Desde Évora, Montemor, por aí fora. Até Portalegre, Estremoz. Andava por aí.

Digo que foi uma das coisas... que sofri muito. Sofri muito, porque a clandestinidade era muito complicada. A gente não tinha dinheiro para transportes, muitas vezes, ou para comer… Eu lembro-me, uma vez, aqui ao pé de Montargil passei por uma horta e estava alfaces. Eu estava cheio de fome. Fui lá, mas não colhi as alfaces, colhi só as folhas de baixo, para se a pessoa aparecesse dizer: «Olhe, era só para fazer uma saladazinha». Passava-se muita fome. Quando chegávamos a casa dos camaradas, os camaradas é que o pouco que tinha [partilhavam] connosco, algumas refeições, mas depois era complicado.

Fazia este trajeto todos os meses durante três anos. Ao fim de três anos, três anos e tal, sou preso novamente. Assaltaram-me a casa, que era na zona do Barreiro. Assaltaram a casa e, portanto, fomos parar à cadeia. Foi a minha mulher e fui eu.

O que é que acontece? Na cadeia passei por tudo. Não houve nada que não passasse. Levaram-me para a sede da PIDE, começaram-me logo a espancar. Tiraram-me a roupa e tudo, para revistar tudo. Começaram-me a espancar, depois pararam e desapareceram. Ficou só um, o carcereiro. Depois vinham outra vez. Duas horas ou quatro horas, não sei, não me lembro bem disso. Estive a PIDE quase um mês, sempre constantemente... Punham-me no Aljube, depois do Aljube vinha para ali e continuou ali a prisão.

Passado uns meses fui julgado, poucos meses, umas semanas. Ao ser julgado sou condenado pelo Juiz, o Juiz lê a sentença e diz: «Foi condenado por desobedecer às autoridades, por andar na clandestinidade…» - eles lá puseram essas coisas todas que lá estavam - «e, portanto, é condenado em 3 anos e medidas de segurança», disse o Juiz. Quando ele acabou de ler aquilo eu levantei-me e disse assim em altos brados: «Estou a ser julgado neste tribunal sem cometer qualquer crime e os que me estão a julgar são os criminosos. E espero que sejam julgados também, não dentro desta sala, mas na via pública». Bem, pensei: «Estes gajos agora vão-me escavar como tudo», mas não. Deram-me uns encontrões, uns safanões, mas não me bateram nessa altura.

Depois puseram-me em Caxias e estive lá uma semana ou duas e fui para Peniche.

Em Peniche estive cinco anos e tal, ainda passou de cinco anos. Mas dentro de Peniche também trabalhava, dentro da prisão também trabalhava. Fazia as ligações com os pavilhões todos. E os camaradas depositavam em mim a ligação, porque se houvesse um conflito com o carcereiro tinha de alguém ir falar com ele, não era todos. Falava um, acertava com ele. Também com o diretor da cadeia, não sei como o que eles lhe chamavam, o chefe da polícia - às vezes havia certos conflitos e era preciso ir lá falar com eles. Eu também fiquei com essa função. E fiquei com uma outra função que me foi dada, que foi a mais importante que eu fiz, que foi as ligações entre os outros pisos todos - que a gente tinha ligações entre os pisos todos. Eu tive essa responsabilidade durante o tempo todo que lá estive.

Acabei por sair da cadeia com a liberalização do Marcelo Caetano. Eu estava lá, nem esperava por isso, aparece o carcereiro, chama pelo meu nome: «O senhor prepare as suas coisas, que é para sair da cadeia». Eu preparo as coisas, ninguém sabia que é que se estava a passar. Comentámos ali isso: «O que é que será? Porque é que será?», se eu tinha medidas de segurança e essas coisas todas. A resposta vem no dia seguinte. Sai o Octávio Pato - foi o último que saiu, fechou a torneira do Caetano.

Então vim morar para Odivelas. Primeiro vim para casa dos irmãos, mas depois tinha de arranjar uma casa, porque tinha a minha filha aqui, que tinha estado presa também três meses, coitadinha, e que estava aqui em casa dos avós e dos tios, enquanto a mãe esteve presa. A mãe esteve presa, mas também não tinha dinheiro para vir cá tantas vezes. Vinha cá uma vez por mês ou de quinze em quinze dias ver a filha, ou se arranjava uma boleia, uma coisa assim.

Portanto quando a gente saiu dessas coisas todas a rapariga se tinha três meses quando foi presa, tinha poucos anos, sete ou coisa assim anos, quando a gente saiu. Foi também uma coisa espantosa, como as pessoas sofrem e aqueles miseráveis nem tinham moral nenhuma para isso.

Estas coisas foi assim. Depois saí, fui trabalhar. Pronto. E continuei a luta. Veio o 25 de abril.  No dia 25 de abril eu saí para a rua mesmo com toda a força. Quer dizer, livre! Repare, que eu cheguei a participar - que eles me podiam prender novamente - em participar em sessões de campanha eleitoral que havia para a CDE, essas coisas todas. É assim. Eu andei sempre na luta. Sempre a lutar, sempre a lutar".