Tradicionalmente, a preparação dos coscoréis envolvia a colaboração de várias pessoas, geralmente mulheres, que se reuniam para amassar, esticar e fritar os doces. Este processo não era apenas um trabalho, mas uma oportunidade de socialização, onde histórias e conhecimentos eram compartilhados.

Durante os casamentos e festas da aldeia, os coscoréis eram feitos em grandes quantidades. Nos casamentos, eram servidos com ramos de laranjeira, um símbolo de fertilidade e prosperidade. Além disso, eram oferecidos aos vizinhos como forma de agradecimento pelo auxílio na organização da festa, reforçando o senso de comunidade e partilha.

A preparação dos doces era acompanhada por rituais como a oração feita para garantir que a massa ficasse perfeita e para afastar qualquer mau olhado- “Deus te acrescente. Deus te livre de má gente, que fiques boa e dês de comer para muita gente.”

Sempre que possível, a massa era preparada em locais reservados, como as cozinhas situadas fora das casas principais, para evitar que outras pessoas, possivelmente com mau-olhado, interferissem no processo. Havia ainda a superstição de que as cascas dos ovos utilizados na receita não deveriam ser jogadas fora antes dos coscoréis estarem prontos, pois isso poderia afetar a qualidade final dos doces. Durante a preparação dos coscoréis, acreditava-se que a cozinheira, a ajudante e a dona da casa deveriam suar, indicando o esforço necessário para amassar, e por isso dizer-se que a massa só estava pronta se “pingada” (pelo suor).

Dizia-se ainda que se sabe que o coscorél está bom, “se ao cair no chão se esmigalhar todo”, ou seja, nesse ponto ele estaria tão fino e tão bem frito como o desejado.