Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior

A família Ferreira está ligada às salinas há quatro gerações, e à cooperativa desde a sua fundação. O avô de Casimiro Froes Ferreira, já trabalhava nas salinas, assim como o seu pai, José Ferreira Júnior, que trabalhou ali até depois dos 90 anos.

Aos 10 anos de idade, Casimiro Ferreira já ajudava o pai nas salinas e ali se manteve até aos 83 anos. Conheceu bem a dureza de trabalhar o sal, sobretudo quando tudo era feito de modo manual, apenas com recurso à força física dos salineiros, e os ganhos obtidos com a venda eram pouco compensadores. Tem a memória viva das transformações que foram acontecendo e conta com detalhe os procedimentos do trabalho, como era feito tradicionalmente e as mudanças que foram sendo introduzidas.

Foram as dificuldades sentidas na altura, que fizeram com que tivesse feito parte do grupo de homens que, em 1979, tomou a iniciativa de se associarem, fundando a Cooperativa Agrícola dos Produtores de sal de Rio Maior. Inicialmente foi presidida por alguns dos grandes proprietários de salinas, com formações académicas diversas, mas com poucos conhecimentos técnicos acerca do trabalho de exploração do sal.

Casimiro Froes Ferreira © Memoria Imaterial / Família Ferreira

Passados cerca de dois anos, perceberam que a gestão da cooperativa precisava de pessoas mais próximas dos saberes do sal, e passou a ser gerida por um grupo de salineiros, entre os quais Casimiro Ferreira, eleito presidente da direção. Nessa altura, conseguiu estabelecer contratos para venda do sal com a Alemanha, Holanda e Dinamarca, e o preço de venda do sal “(…) passou de 10 escudos/kilo (como era vendido em Portugal nessa época) para 50 escudos/kilo”. As salinas conheceram assim uma fase de recuperação e desenvolvimento devido à facilidade de escoamento e ao aumento do preço da venda do sal.[1]

Hoje, com 92 anos, Casimiro Ferreira ainda nos fala das salinas com uma viva paixão - “Ganhei amizade às salinas (…) ainda vou lá todos os dias!” – e vai acompanhando de perto a atividade dos trabalhadores e em particular do filho, José Casimiro, que nos últimos 15 anos preside à cooperativa.

Loja e armazéns da Cooperativa ©Memória Imaterial.

José Casimiro, enfatiza a importância da cooperativa na recuperação e salvaguarda das salinas: “A cooperativa salvou as salinas!”, embora também não se esqueça das dificuldades sentidas desde a sua fundação. “Quando a cooperativa começou não tinham nada. Foi difícil!”

José Casimiro ©Memória Imaterial.

Antes de ser eleito presidente da direção, José Casimiro já conhecia bem o trabalho da cooperativa, pois foi encarregado geral ao lado do pai, enquanto aquele foi presidente, durante mais de 20 anos. Foi acompanhando e participando nas mudanças que foram ocorrendo, desde a eletrificação do sistema de bombagem da água e a construção dos novos concentradores na parte superior da salina (que permitiram um importante aumento do volume de sal produzido por ano), até à construção dos grandes armazéns onde hoje a maior parte do sal de Rio Maior é guardada. Atualmente, também o filho de José Casimiro, embora seja professor, colabora no trabalho das salinas.

 

[1] Atualmente, grande parte do sal é exportada para a panificação alemã. Segundo Casimiro Ferreira, estes clientes preferem o sal de Rio Maior porque, dizem eles, este sal “faz crescer mais a massa do pão”.