Cooperativa Terra Chã, pormenor ©Memória Imaterial

A Cooperativa Terra Chã desenvolve um trabalho de desenvolvimento local e de salvaguarda do património local que acolhe a oficina de tecelagem e outros projetos comunitários: o centro cultural de Chãos, que oferece serviços de alojamento, espaços de exposição e um restaurante; a melaria comunitária; e o rebanho comunitário.

António Frazão, responsável pela cooperativa, refere que estas valências foram sendo criadas de acordo com as necessidades sentidas pela população local. A oficina de tecelagem surgiu na sequência da necessidade do Rancho Folclórico de Chãos de renovar o seu vestuário. Foi também a atividade do Rancho Folclórico que levou à criação de estruturas de apoio – alojamento e restaurante local - para poderem receber outros ranchos nacionais e internacionais.

Essa oferta de serviços estendeu-se a outros públicos, com interesse em visitar a zona e conhecer o património local. Deste modo, a cooperativa organiza várias atividades de animação turística, como caminhadas pela serra ou visitas guiadas a alguns pontos de interesse da região, como a gruta das Alcobertas, as cisternas tradicionais ou as orquídeas selvagens. O objetivo destas atividades é a partilha dos saberes locais, dos recursos endógenos, e daquilo que a natureza oferece na região.

 

melaria comunitária de Chãos

Melaria comunitária ©Memória Imaterial

Outro projeto da cooperativa é a melaria comunitária. Construída nas instalações da antiga escola primária, a melaria veio dar resposta às necessidades dos produtores locais relativamente à extração e embalamento do mel.  Este espaço disponibiliza os meios necessários para que o mel possa ali ser devidamente tratado e embalado para posterior comercialização, com garantia de qualidade. Para além disso, os apicultores membros da melaria dispõem do apoio de um técnico apícola que visita periodicamente as suas colmeias, garantindo a qualidade do mel.

 

Rebanho de cabras da cooperativa Terra Chã ©Memória Imaterial

É neste sentido que a rotina das cabras e os roteiros do pastoreio são geridos por Raúl - o pastor do rebanho comunitário - em diálogo com os responsáveis pela Cooperativa. As cabras são ordenhadas de manhã, na sala de ordenha. Só depois saem para pastar. Normalmente pastam na serra, embora com algumas idas a terrenos agrícolas abandonados para comerem erva. Na serra, uma das suas funções principais passa pela gestão da rede primária de prevenção de incêndios. O rebanho também é gerido de acordo com questões ligadas à erosão do solo, alterando-se os percursos de subida e descida da serra de acordo com os níveis de erosão das zonas de passagem.

As cabras são ainda fundamentais para a gestão das orquídeas porque estas precisam de campos abertos para se desenvolverem – “(…) quando estão floridas, o Raúl desvia o rebanho para garantir que as orquídeas fazem o ciclo completo – floração e semente” (António Frazão).

Este projeto contribui para “(…) a educação ambiental em termos das tradições em vias de extinção, mas na importância que elas têm nos dias de hoje para a comunidade em geral, quer seja na gestão dos ecossistemas, quer seja na preservação dos habitats que são fundamentais nestes territórios” (António Frazão).