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Retábulo da Capela do Espírito Santo no Arneiro (2022).

 

Arneiro

A comunidade do Arneiro, fazendo parte da freguesia de Aldeia Galega da Merceana participa nos festejos do Espírito Santo dessa localidade. Em entrevista, Carla Pereira, fala da Capela do Arneiro (2022),[1] “umas das mais antigas com o tema do Espírito Santo, uma joia, pela riqueza artística que tem. Com painéis de azulejo que a recobrem quase totalmente, [e] com o seu retábulo policromado”. Este retábulo bem como uma pintura a óleo contêm referências claras ao Espírito Santo, representando a cena do Pentecostes. No teto do altar, existe uma pintura sobre madeira com a pomba. Também no exterior, na fachada principal, existe um pequeno painel de azulejo com uma representação da pomba.

À guarda da capela está a coroa, feita de prata, que se supõe do séc. XVI. A coroa é exibida na festa anual da aldeia e nos eventos dedicados ao Espírito Santo, como a procissão de Aldeia Galega da Merceana e a procissão de Alenquer.

Esta capela é o testemunho físico da presença da Confraria do Espírito Santo no Arneiro, que é referida também num testamento de 1571. Segundo Folgado (2012):

Em 1571, no lugar do Arneiro, foi redigido o testamento de João Afonso, de alcunha o Rebolão, e de sua mulher, Violante Pires, aí moradores. Nele declararam que deixavam os seus bens de raiz à Confraria do Espírito Santo do mesmo lugar, para que fossem arrendados, e que, do produto destas rendas, metade fosse gasta em missas por alma do testador e a outra metade gasta em ‘vestir pobres e socorrer aos necessitados. Deixaram ainda uma cama de roupa ao Hospital deste lugar’. Ou seja, a confraria, capela e hospital anexo, que eram administrados pelo povo do lugar do Arneiro, datam, pelo menos, do século XVI. Ali se conservam ainda a coroa imperial de prata, a cruz processional, ambas do mesmo século XVI, e o estandarte do Espírito Santo, testemunhos seguros da realização antiga da Festa” (p.2).

 

[1] Em entrevista realizada no âmbito desta pesquisa, em representação da comunidade do Arneiro.