A história do Rancho de V. V. dos Francos
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O reportório do Rancho
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A Marcha do Rancho
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Récitas e cortejos dos anos 80
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As procissões em V. V. dos Francoos
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A história do Rancho de V. V. dos Francos
A história do Rancho de V. V. dos Francos
Graciete e Alberto
O reportório do Rancho
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Graciete e Alberto
A Marcha do Rancho
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Récitas e cortejos dos anos 80
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As procissões em V. V. dos Francoos
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Categoria: PCI / Saber-Fazer
Local do registo: Vila Verde dos Francos
Freguesia: Vila Verde dos Francos
Concelho: Alenquer
Data do registo vídeo: 8-6-2021

Título: MEMÓRIAS e TRADIÇÕES - Alenquer
Entrevistados: Graciete Marques e Alberto Faria
Ano nascimento: 1954 e 1955
Entrevista: Memória Imaterial
Transcrição: CLDS4G

A História do Rancho de V. V. dos Francos

Graciete: “Este rancho foi criado por 4 senhoras que foi a Mª Cecília, a Manuela Neto, a Madalena Neto e a Graciete Marques. Fomos as 4, juntamo-nos e tivemos um grupo de 40 jovens, cederam-nos uma casa porque ainda não havia a associação, cederam-nos uma casa grande para poder ensaiar e foi no dia 26 de Fevereiro de 1984 que saímos à rua pelo Carnaval, tipo uma marcha (vamos lá, não era rancho, era uma marcha), com aqueles trajes, saias vermelhas e pretas com blusa branca, aqueles lenços às costas bonitos. Depois mais tarde tivemos de parar porque muitos jovens foram para fora, para América, foi os pais, foram os filhos e ficámos sem muitos jovens cá. Tivemos de fazer um interregno. Mais tarde começou a haver mais outros miúdos, começaram a querer também e começaram novamente com um rancho, (…) em 97 e continuámos a atividade com um grupo infantil e adulto e juntámos também aqui à Coletividade porque também só nós não tínhamos dinheiro para angariar né? E assim surgiu o Rancho, em 2002 realizou-se o primeiro festival de Folclore ainda com o traje da marcha. Em abril de 2003 o 2º Festival de Folclore, o grupo adulto apresentou-se já com os trajes etnográficos, resultado de recolhas de pessoas, das terras como era antigamente as vestimentas cá.  Destacamos os trajes de Domingueiro, Noivos, Ricos, Ceifeira, Padeiros, Moleiro, Enxertador, Lavadeira, Adegueiro, Lagareiro, Ferreiro, Sapateiro, tudo isto existia cá na nossa terra no antigamente, foi esta a recolha que fizemos, portanto ao longo da existência atuamos em vários festivais de folclore e em festas e romarias.

O Rancho folclórico de Amigos de Vila Verde dos Francos tem um reportório próprio, construídos por pessoas que deram versos e coisas que depois fez-se a recolha junto da população. Através das suas danças e cantares recordamos as vivências de um povo com um passado histórico das tradições.”

 

O Reportório do Rancho

Alberto: “O sr. José Lourenço que falámos há pouco foi ele que fez os versos da nossa marcha (marcha do rancho) e de facto tenho aqui alguns versos de onde eu que consegui tirar precisamente essas lendas.

“As lendas têm sua graça,

feitas com bom humor

só é pena que a trapaça

seja sempre em desprimor”

 

Ou seja, o que é que isto quer dizer? Quer dizer que as lendas têm graça, não é preciso é 'tar ofender o povo (…) houve um tempo que se alguém tivesse a ideia de chegar aqui e dizer que era a terra do burro que toca o sino podia ter a certeza absoluta que não saia daqui bem, não é? Porque aí havia sempre pancada, isso era de certeza absoluta, isto (…) segundo contava[m] as pessoas mais antigas (o meu pai, os meus avós), pronto porque não caía bem. Depois havia quem também respondesse, mas isso [são] outras situações, mas de facto no fundo algumas das nossas músicas do rancho foram retiradas precisamente destes versos. (…) As lendas, os Lugares da Freguesia, …

Graciete: “A moda da nossa terra que é dedicada aos imigrantes”

Alberto: …exatamente

 

“Tens vivendas espampanantes

 Que alegres meus olhos viram

 Umas são de imigrantes

 Outras dos que não saíram”

 

A verdade é que cada vez vemos menos vivendas e isso para mim é constringente, porquê? Porque as pessoas mais novas cada vez estão a sair mais da nossa freguesia, estamos a ficar despovoados.

Graciete: “Nós acabámos porque uns foram estudar para as universidades, que já não é aqui. E depois só vem ao fim de semana e depois acabou-se assim olhe… Pode ser que um dia ainda se retome, comigo já não, mas com outros vamos ver…”

  

A Marcha do Rancho

Graciete: “Temos uma marcha também já bastante antiga, que já [é] centenária. O senhor também já faleceu. Foi uma marcha dedicada também à nossa terra que era sempre o nosso "fecho",… no nosso reportório era sempre o "fecho", era essa marcha.

 

"Ó Vila Verde vem daí sempre a meu lado

Bem alto bem dizer o que foste meu passado

Terra pequena mas de grandes tradições

Tem justo orgulho nos teus brasões

 

Foste nobre foste bela sem par

Com teu castelo para te guardar

O teu convento é relíquia santa

Do sentimento que nos encanta

Do teu palácio fidalgo talvez

Camões amasse mais do que uma vez

E por seres tão discreta

Guardas-te o segredo do nosso poeta

 

Refrão

 

E para tua maior nobreza

Aqui nasceram teus filhos que quereis

Sempre imortais na terra portuguesa

Pois foram queridos e vice-reis

Lutando com amor em além-mar

Souberam a pátria amada honrar

E por isso ó Vila Verde

Minha terra querida, podes-te orgulhar

 

Refrão"

 

Graciete:”Já faleceu, que era o sr. José Lourenço, este senhor até nem era de cá, era de uma terra aqui vizinha (de Cabanas de Chão) e veio para cá trabalhar sendo caixeiro aqui num estabelecimento que havia. Antigamente os miúdos vinham (até veio dois irmãos que eram gémeos) e depois estabeleceram-se cá em Vila Verde. O sr. não era de cá, mas agarrou-se muito à terra e então fez este[s] verso[s]. Este senhor depois emigrou também para a América (…) foi à procura de uma nova vida (claro) e deixou cá estes versos a Vila Verde (…). Lá 'tá havia as récitas (e já isto era ainda eu miúda veja lá, ainda me lembro) e então a marcha era sempre o final das festas.”

 

Récitas e Cortejos dos anos 80

Graciete: “Fazíamos récitas numa casa que cederam - que foi onde começámos para angariar dinheiro para começar a fazermos aqui onde é hoje a sociedade - e assim fazíamos as récitas, era as festas, também íamos pedir aqui e ali para a quermesse - para essas coisas todas para angariarmos dinheiro. Pronto, foi assim tudo uma luta para podermos ter as coisas. As oferendas eram também porque às vezes iam-nos pedir (pronto eles iam pedir às terras) e nós depois também queríamos representar com alguma coisa nossa e então depois pedíamos às pessoas. (…). Umas davam abóboras, feijão,… pronto as coisas da terra. Depois também davam algum dinheiro e enfeitávamos o carro, para não ir assim sem ir enfeitado (…). Ia todo enfeitado com verduras nos taipais, assim em cima, púnhamos um arco de onde é que éramos e íamos todos ali à Merceana (…). Quando era para os Bombeiros era no largo ali onde tem um coreto (na Merceana), quando era para Charnais íamos lá acima ao Lar.”

 

As Procissões em V. V. Francos

Graciete: “Aqui também tínhamos uma capela que era do Anjo da Guarda que foi demolida - era onde é o armazém da Junta -, foi demolida por um presidente de Junta (que está ali), esse senhor também demoliu a capela ela “tava” muito degradada mas ainda tinha muitos azulejos, onde havia lá um santo que era o Anjo da Guarda (…). Esse santo depois foi restaurado e, entretanto, acabou essas procissões (…). E agora em 2017 retomamos novamente (…) a procissão. Então é assim, a procissão parte daqui ao pé da Junta, vêm as padroeiras dos lugares pertencentes à freguesia numas carrinhas até aqui, vêm os carros todos enfeitados, vêm os santos ou as santas neste caso. E depois daqui forma a procissão, os santos vão aos ombros das pessoas (de 4 homens, não é?), forma a procissão, dá a volta aqui - porque aqui esta zona era do anjo da guarda -, desce a rua ali da escola e vai para a igreja matriz onde é celebrada a missa. Portanto a procissão é feita e é onde é celebrada a missa para todos os paroquianos e agora ultimamente temos feito depois, a seguir, um almoço.

Nós cá tínhamos muitas procissões, era a do Corpo de Deus, era da Nossa Senhora de Fátima, era a Senhora dos Anjos (que ainda continua, [mas] que agora teve um interregno por causa da pandemia) (…). [Ela] é a padroeira da terra). E tínhamos várias capelas, temos a capela da Misericórdia que… (capela não, é mesmo Igreja) que é onde é o Senhor dos Passos – (…) sempre [no] 5º domingo da Quaresma (…) se faz a procissão dos Passos. Ainda fazemos também a Corpo de Deus porque nós temos um padre que pertence a (…) 3 paróquias, (…) [e] cada ano é numa terra. Portanto a de Corpo de Deus ainda continua presente porque, quando calha cá na nossa terra, o padre faz cá, essa também está ativada e é a de festa de verão, e esta do Anjo da Guarda que é em Outubro.

Freguesia: Vila Verde dos Francos