As notícias da Revolução chegaram a Sobral de Monte Agraço pela madrugada do dia 25 de Abril de 1974 e, como referem Maria Alexandrina, Valentim Lourenço, Olívia Dias, Maria Isabel Sabino, Isidoro Trogeira e Célia Granja, a maioria das pessoas sem perceber bem o que se estava a passar, acompanhava a emissora de rádio para se informar do que estava a acontecer.
Maria Alexandrina Reto @memoriamedia
Joaquim Biancard Cruz lembra que o seu pai, ao longo do tempo, frequentemente comentava sobre a iminência de uma Revolução, mas nunca aconteceu nada de concreto, o que levou a família a deixar de dar importância a essas previsões. No entanto, na madrugada de 25 de Abril de 1974, um familiar militar telefonou entre as 5 e as 6 da manhã, anunciando que "finalmente" a Revolução estava em marcha. João Coelho foi acordado pelo próprio Biancard Cruz, para quem trabalhava, às 7 da manhã, que lhe disse: “Hoje não se trabalha, há uma Revolução em Lisboa!”. A partir desse momento, o dia foi passado a acompanhar as transmissões da Rádio Clube Português, que informava a população sobre o desenrolar das operações do Movimento das Forças Armadas (MFA).
À medida que as notícias da queda do regime se confirmavam, a população de Sobral começou a celebrar. Embora a recomendação inicial fosse para que as pessoas ficassem em casa, a alegria era tão grande que muitos decidiram juntar-se em grupos e festejar. No entanto, foi no dia 1º de Maio de 1974 que a verdadeira festa popular se deu. João Coelho e Maria Alexandrina referem que as ruas encheram-se de gente, com pessoas vindas das aldeias vizinhas para celebrar na vila. Esta manifestação espontânea refletiu o sentimento de libertação que atravessou o país, após décadas de repressão.
A importância do 1º de Maio para os trabalhadores também foi especialmente simbólica. Como António Henrique recorda, o Dia do Trabalhador era anteriormente um dia de repressão, com as autoridades a prenderem aqueles que ousassem celebrá-lo. No 1º de Maio de 1974 as pessoas puderam comemorar livremente sem medo de represálias, e a festa simbolizou o início de uma nova era de liberdade para Portugal.