A Brinca, apesar de executada no entrudo, o tempo da subversão, segue uma estrutura complexa, já rara de encontrar noutras manifestações performativas tradicionais.
Os momentos da Brinca estabelecem um relacionamento comunitário claro que respeita a comunidade visitada e que só inicia a subversão após a autorização do representante comunitário local.

Entrada
O Mestre conduz o agrupamento em marcha a duas filas na apresentação à comunidade. Após a música de abertura. Rui Arimateía refere que é "de salientar a importância do Bombo no anúncio da saída das Brincas pelo Carnaval. Nas noites silenciosas dos lugares dos anos 50, as pessoas conseguiam escutar as pancadas nos enormes Bombos utilizados pelos foliões a uma distância considerável, inclusive identificando o local onde estavam a ser executadas: no Degebe, nas Espadas, em Vale Côvo, na Garraia, nos Canaviais... todos topónimos de Quintas de características rurais à volta da cidade de Évora, onde a tradição das Brincas se manteve até aos nossos dias." (2015: 8)


Décima de autorização
O Mestre faz o pedido de atuação dirigido ao representante da comunidade ("Dono do Lugar" ou "Dono da Rua") que está posicionado em lugar destacado no espaço de atuação.


Contradança
Dada a autorização começa uma contradança que termina com a colocação dos participantes em círculo fechado, ocupando as posições que cada personagem tem durante o desenvolvimento do espetáculo.


Prólogo
O mestre inicia o prólogo que resume a proposta dramática e apresenta os personagens.


Função
A peça desenrola-se mantendo o círculo. Os atores deslocam-se dentro do círculo de acordo com as suas intervenções e retomam o seu lugar quando terminam. Os Faz-tudo pontuam o espetáculo com intervenções quase contínuas que retiram o dramatismo às situações criadas.


Entremez
Finalizada a peça, o fundamento, o Mestre faz um apelo à doação . Segue-se o entremez dos Faz-tudo enquanto se recolhem as moedas atiradas para o círculo pelos espectadores.
A finalizar o entremez o grupo executa uma coreografia com música com evolução da formação até formar o círculo.


Décima à bandeira
O porta-bandeira posiciona-se no centro da roda e segue-se o momento da "Décima à Bandeira" em que cada ator avança e numa décima resume o seu personagem terminando sempre com o nome do grupo/fundamento.


Décima de despedida
O Mestre despede-se do representante da comunidade com uma décima em que refere o empenho do grupo no fundamento.


Contradança
Segue-se a última contradança. O grupo retira-se continuando a tocar e exclama em uníssono: "Até pró Ano".