Voluntários do grupo a quem é distribuído um personagem do fundamento. Decoram as suas falas em décimas.
As técnicas de ator estão ausentes desta performance num traço comum com outras práticas teatrais tradicionais. São dirigidos pelo mestre, sobretudo no que diz respeito à dicção das décimas.
Cada grupo desenvolve o seu modo de cante do texto com entoações e musicalidade distintas, sendo esta uma das marcas identitárias das Brincas.
As movimentações cénicas dos atores são geralmente marcadas no fundamento e interpretadas pelo Mestre.
O registo geral da performance não é rígido, deixando ao ator a gestão do tempo e da atitude. Tratando-se de um registo carnavalesco, é grande a permeabilidade da atitude do ator a todas as ações externas ao seu desempenho (as interferências dos palhaços e do público).
Os atores são em simultâneo os músicos do grupo.
Segundo Rui Arimateia:
"As Brincas eram tradicionalmente constituídas somente por homens, travestindo-se se necessário para o desenrolar do fundamento, numa média de quinze a vinte elementos: um mestre, dois ou três palhaços (os faz-tudo), músicos, onde a bateria (bombo, caixa, pandeiretas, pratos e ferrinhos) e a concertina têm um papel fundamental, um porta-estandarte e os restantes figurantes para a execução/representação dos diferentes papéis do fundamento.
De facto trata-se de uma forma muito rica e complexa de Cultura Popular, com as manifestações artísticas dos seus componentes: poetas, músicos, encenadores, coreógrafos, artistas plásticos de cariz marcadamente popular, criando ou re-criando eles próprios os versos do fundamento e as músicas executadas.
Os instrumentos tradicionalmente utilizados pelas brincas são o bombo, a caixa, o acordeão e a concertina, a pandeireta, os pratos, a guitarra, a sarronca, os ferrinhos, o cântaro, os reque-reques e as castanholas, variando de grupo para grupo, consoante os meios humanos que cada mestre consegue mobilizar para a sua brinca.
Refira-se aqui o papel de grande importância que desempenharam as Associações com vocações artísticas e musicais, como era o caso dos Amadores de Música Eborense e da Sociedade Recreativa e Dramática Eborense, que forneciam aos músicos populares participantes nas Brincas, mediante o pagamento de pequena taxa de aluguer, instrumentos musicais diversos." (2015: 7)