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A Serração da Velha
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Oração contra trovoadas 1
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Felismina Menezes
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A Serração da Velha
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A Bela Cruz
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Categoria: PCI / Saber-Fazer
Local do registo: Casais Brancos
Freguesia: Aldeia Galega da Merceana
Concelho: Alenquer
Data do registo vídeo: 1-6-2021

Título: MEMÓRIAS e TRADIÇÕES - Alenquer
Entrevistados: Felismina Menezes
Ano nascimento: 1951
Entrevista: Memória Imaterial
Transcrição: CLDS4G

Oração contra trovoada 1

“Quando era miúda, quando havia trovoada, a minha mãe tinha muito medo da trovoada e eu também, tínhamos muito medo da trovoada. As casas eram de telha-vã, muito pobrezinhas e (…) [parecia] que a trovoada estava em cima da gente. Quando chovia a gente fugia logo porque havia um regueiro muito grande lá ao pé de minha casa, e a gente se não fugisse antes que viesse a cheia depois já não conseguíamos sair de casa. Naquele tempo era assim, e então a minha mãe rezava as rezas da trovoada. Assim que começava a trovejar ela começava logo a dizer estas rezas, e eu nunca mais me esqueceu:

"Santa Bárbara se levantou, seu pé direito calçou

Seu caminho encaminhou

Onde vais Bárbara?

Vou espalhar a trovoada,

No céu anda armada

Espalha lá para bem longe

Onde não haja beira nem eira

Nem raminho de oliveira

Nem gadelhinho de lã

Nem bafo de alma cristã.”

 

Oração contra trovoadas 2

"Santa Bárbara bendita

No céu está escrita

Com papéis e água benta

Abrandai esta tormenta

Para a terra dos mouros

Onde não haja pão nem vinho

Nem bafo do menino

Já os galos cantam

Já os anjos temiam

Jesus, José e Maria na última agonia."

 

Oração contra relâmpagos

"Depois havia outra que era:

 

"Magnífica a minha alma

Agradeço ao senhor

Que receba esta oração

Ó meu Deus, Meu Salvador

Que seu pai é brando

Por sua geração

Por todos os séculos dos séculos, ámen."

 

"Esta era quando fazia relâmpagos."

 

Pulhas

“Havia as tradições quando era na altura da Quaresma, do Carnaval — as pulhas, deitavam as pulhas antes da Quaresma, (…) diziam umas quadras, mas eram assim (…) improvisadas. (…) Havia um irmão meu que era o mais velho, o Marcelino, que era quem ia quase sempre deitar estas pulhas e então aquilo tinha de calhar sempre em verso... (…). [Por exemplo] ele dizia: "Eu deito a minha pulha em como tenho aqui um peão (…), a Maria calhou comadre ao Francisco do Zé Grão". Assim, coisas assim do género que eles inventavam conforme a comadre que fosse. Eu ainda cheguei e ter um compadre. Depois no dia de Páscoa, (…) calhava aquele compadre, e ao domingo de Páscoa vinha o compadre com meio kilo de amêndoas (naquele tempo comprava-se meio kilo, um quarto de kilo, era avulso) e as raparigas faziam um bolo e ofereciam-no ao compadre. E naquele prazo da Quaresma, naquele intervalo, a pessoa, se passasse o compadre pela comadre, dizia: “Ó comadre reza!”. Era sempre a ver quem é que dizia primeiro, se era a comadre que via o compadre se era o compadre que via a comadre e então dizia: "Ó comadre reza!", "Ó compadre reze", havia esta tradição.”

 

A Serração da velha

“Havia também a serração da velha. (…) Vinham uns homens (…), não sei qual era a data, mas sei que era também nessa quadra — entre o Carnaval e a Páscoa—, e depois faziam a serração da velha. Nos outros lugares também com certeza que havia esta tradição, cá havia. Depois eles iam, assim, à porta das pessoas a fingir que estavam a serrar por exemplo a pessoa, e a pessoa ficava muito danada, porque, pronto: "Eu já sou velha? Já estou a fazer a serração da velha?" ... estas coisas assim...”

 

A Bela cruz

“Olhe eu morava ali num sítio, que hoje está diferente, que é quando se vai ali para cima para a Ereira, havia ali uma cruz. Havia uma cruz, essa cruz a gente quando era o 3 de Maio enfeitávamos sempre a cruz, com flores, que era o dia da Bela Cruz.  Havia um rapaz que era de cá (mas nem sei se já faleceu, era o Manuel Lopes) que ia para cima — eles estavam nas tabernas até à meia noite, não havia luz, o caminho era mau, era às vezes cheio de lama, cheio de fungos, para se passar era um castigo. Tinha que se pôr uma pedra para pôr o pé, depois tinha de se pôr outra pedra para pôr o outro pé, era assim que a gente vivia naquele tempo…— e ele naquele dia viu a cruz enfeitada de flores, rosas (…) e começou a gritar que era uma alma do outro mundo que ali estava, aos gritos, aos gritos. A gente levanta-se para ver o que se passava. Era a cruz que estava enfeitada [e] o Manuel estava com medo que era uma alma do outro mundo.” (risos).

 

Freguesia: Aldeia Galega da Merceana